quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A menina da janela

Debruçada a janela, Lia esperava o seu amor passar.
Todos os dias, no mesmo horário, lá estava a menina pequena em cima de um banquinho a esperar. Seus cabelos longos e encaracolados, os olhos pretos brilhavam a cada carro que passava, mas ele não chegava e aquele sorriso maroto se entristecia ao sentir o tempo passar, mesmo sem entender o tamanho do tempo.
Não ouvia mais o assovio avisando que tinha chegado, corria às vezes até a porta quando alguém batia, não era o seu papai.
Tão pequena, mas já sofria com a saudade do último dia que o viu sair de casa para não mais voltar. Ele nem pediu licença, não disse nada, esqueceu da menininha que quase acabara de nascer, só tinha três aninhos, como aprender a viver sem ele?
Ia dormir todas as noites decepcionada, e entre lágrimas mansinhas, em seu travesseiro ela adormecia. Acordava pela manhã e cedo costumava pular na cama dele e se aconchegar no quentinho do corpo do paizão. E agora tudo parecia vazio, tão frio, sem entender nada perguntava para sua mãe quando ele iria voltar. A resposta era sempre a mesma: - Ele viajou a trabalho.
Hoje Lia tem cinco anos, talvez ainda não tenha entendido nada, entretanto, mesmo longe, ela não deixa de ver seu papai, passear com ele e se debruçar agora não na janela, mas num grande e sincero abraço de desculpas sempre que se encontram.

Eliane Omena

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Simplesmente mãe

Acordei cedo hoje, e do meu quarto ouvi que meu filho já tinha se levantado. Ouvi o chuveiro, depois o som de pratos na cozinha. Demorei um pouco ainda deitada, olhei o relógio, eram seis e meia. Alguns minutos passados, levantei-me, ele já não estava mais em casa.
Meu coração está um pouco triste, porque ontem eu desliguei a internet e fiz isso para que meu filho dormisse a noite. Pois faz anos que ele dorme o dia todo e a noite ele fica na internet jogando, conversando com pessoas de todo o país e fora dele.
Eu não devia mais me preocupar, pois ele tem vinte seis anos, mas a saúde dele começa a ficar comprometida. Arranja emprego bons que não precisa está cedo na rua e de repente está desempregado, pois vivendo assim não tem forças para produzir e dorme o dia todo. Vai de vez em quando, pois o tipo de trabalho não é em nenhuma repartição.
Acordo cedo para trabalhar e o pai dele também, e muitas noites não dormimos bem porque ouvimos abrir a porta do quarto, ir na cozinha, faz barulho e incomoda.
Meu marido implica o tempo todo com ele, em vez de ajudar, as brigas constantes não tem levado a lugar nenhum, embora meu filho não discuta com o pai, porém muitas vezes o vejo triste e desabafa comigo, eu o escuto e tento mostrar o que ele tem feito com a sua vida e muitas vezes diz que já viveu demais, que não se importa mais com nada. Percebo aí um pedido de socorro, uma aflição, já tive a idade dele e sei o que é se sentir assim. Claro que me ajudei e venci os meus fantasmas mas nem todo mundo é igual. Até melhorou, ele tem ido a missa, ao terço dos homens e com certeza Deus vai me ajudar e ajudá-lo. O Espírito Santo falará no seu coração.
Ele tem uma filha que precisa dele, apesar de não viver ao lado dela, mas tem acesso a ela a hora que quiser. E a minha neta cobra a presença dele, é uma benção de Deus nas nossas vidas.
Sou mãe e serei até o último instante de minha vida. Então como ser omissa ao que estou vendo, não acho graça nenhuma ver um filho sem perspectiva e abandoná-lo. Converso com Deus para me ajudar, afinal, estou só nisso tudo. Sempre encontro as respostas, Deus nunca me abandonou.
Às vezes sinto perder as forças, pois ajuda de quem é mais próximo a mim eu não tenho, falo ajuda em relação a esse filho.
Algumas vezes viajo com algumas amigas e só aí esqueço de tudo e fico feliz. Embora me sinta uma pessoa forte, decidida, com vontade de viver, sei o que quero, há momentos de muita solidão. Entretanto, tenho a certeza de que voltarei aqui contando que o meu filho conseguiu vencer as batalhas da vida.
Pois a nossa história deve ser escrita assim de caminhos tortuosos, longos, pesados, mas em uma única direção, ao amor, é ele que nos condiciona a botar nos braços os pequeninos e a perceber que muitas vezes está dentro de nossa casa esse pequenino, então você se sente bem e a vida tem sentido.
Foi o maior presente de Deus esse título de mãe, então por que desapontá-LO? Ele me confiou alguém para cuidar e amar. E junto comigo escreve a minha história todos os dias. Eu tenho muita fé em Deus, de que valeria essa fé se não fosse através das atitudes. O amor tem que ser concreto, afetivo e efetivo.
"Assim como o corpo sem alma é morto, assim também a fé sem obras é morta." Tiago 3,26.

Eliane Omena

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Remelexo

A minha vida é cheia de remelexo
de um gingado sem fim.

Subo
corro
ando
entro
saio
falo
gesticulo
capacito
caio
levanto
choro
sorrio
amo
brigo
canto
encanto
durmo
acordo
amo de novo
a vida que Deus me deu.


Eliane Omena








quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Nascer de novo

Jesus disse:"quem não nascer de novo não poderá ver o reino de Deus."João 3-3

Para amar é preciso ser livre,
e para ser livre
precisa nascer de novo todos os dias.
A experiência de Deus conosco é o amor
se Deus me ama, eu me amo,
então ninguém vai me escravizar.
Veja, Jesus não põe cercas para se encontrar com você,
então porque se sentir prisioneira de você mesma?
Quando isso acontece é porque você deixou o outro
ocupar o seu lugar, por ter se acovardado a lutar.
É preciso dar um significado a vida sempre.
E para isso, nascer de novo quer dizer:
diante do Senhor aplaudir a sua vida, combater o mau combate
e quando Jesus passar, entregue a chave do seu coraçao e Deixe-O entrar.

E liane Omena


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Primavera



É primavera, parecem dizer as rosas
pois elas se agitam a uma brisa
que passa como se quisessem
se mostrar a tão belo moço
que branqueia aquele lugar.

É um cravo que ensaia seu perfume
cortejando as graciosas rosas
e num suave e delicado frenesi
ele se ergue elegante e com um aceno
seduz as mais belas flores daquele jardim.

E naquela inquietude
vão surgindo borboletas e beija-flores
com suas asas multicoloridas
saem bailando em sintonia
ao sopro do vento.

E todas as flores despertam
na grande mágica do tempo
dando guarida a vida
que passa e volta sempre
num mesmo compasso.



Eliane Omena









sábado, 17 de setembro de 2011

Apenas uma noite

Acordei bem cedo
beijei meu amado
e sai por aí
cantando uma linda canção.

A lembrança da noite anterior
me arrepiava e eu não entendia
de onde veio aquele amor.

Pois faz tempo, nem me lembro
que eu fiz tanto amor.

Eliane Omena



Cria

Nunca serei só
Pois de minhas entranhas
fiz um lindo entardecer
e dele surgiram gritos de dor.

Dor que logo depois esqueci
e em meus braços acalentei
e num sorriso a Deus agradeci.

Tão bom olhar a vida
que a gente teceu
crescendo e desabrochando
diante dos olhos seus.

Eliane Omena



segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Dor

Chego
passo por eles
estão ligados um no outro
afim de ver quem vai vencer.

Penso
sou apenas instrumento de uso
pessoal de cada um
para formar uma barreira de ódio
e mágoas entre eles.

Vejo
jogando-me culpas cadavéricas
que pasmo
e me aconchego em algum lugar.

Percebo
quantos amanheceres presenciei
nessa minha vida
que nem foi minha
foi dos outros.

Desculpo
e esculpem em minha garganta
o que devo dizer
não sou tola...
às vezes sou.

Enfrento
mas eles são fortes
e não deixam rastros
e sutilmente roubam a minha alma.

Saio
estão tão envolvidos
em se degladiarem
que nem percebem
a minha presença.

Choro
restos de mim
vão ficando para trás
despercebidos
não podem ser mais reconstruídos.

Eliane Omena










Madrugada

Onde está você
que abandona as minhas lágrimas?
procuro em vão
e não te acho.

É desumano olhar em volta
e não entender o que se passa
saio sonhando por aí.

As minhas forças
parecem querer me abandonar
olho para o nada
como se procurasse
nesse nada algo para segurar.





Descoberta

Na vida só as vitórias interessam
mas que fazer das derrotas?
pois elas passam por nós
e querendo ou não
é através delas
que muitas vezes
erguemos o corpo e a alma,
mesmo quase desfalecidos
é nesse momento
que descobrimos
que a vida é cheia de contradições.

terça-feira, 8 de março de 2011

RECOMEÇO


Não sei quanto tempo terei ainda,
mas o que resta,
eu o viverei intensamente.
Começarei mudando o nome,
pulando os muros da cidade,
deixando as esquinas vazias das minhas gargalhadas.
Chega de solidão,
de acusar o outro por não ser feliz.
E esse novo tempo não será sem sabor.
Mas o que fazer se um novo amor aparecer?
Beijarei como se fosse a primeira vez,
não pedirei licença
e deixarei meu corpo deliciar-se,
daquela brisa morna
que nos faz descansar...
E ali não deixarei mais trancada a minha dor.
Depois convidarei a todos que me conhecem,
para ouvir a minha nova canção.

Eliane Omena.

SIMPLESMENTE MULHER


Mulher-Mãe
Como não dividir um um pôr do sol
com alguém querido?
Por que ser egoísta com a pessoa
que você própria
um dia recebeu em seu ventre
e foi tecendo amor?
Até ao abrir as entranhas,
e mostrar que estava pronta
para colocar em seus braços
o novo que tecera em nove meses.
Um espetáculo da vida surge diante de si...
E ali estava um amor diferente.
Um amor de mãe.
Não precisa ter pressa, porque esse amor
é para sempre.


Então mulher e mãe é para ti a minha homenagem hoje.
A você que não tem a certeza de que o quer ainda...
Coloca a mão em tua barriga, fecha os olhos e simplesmente
AME-O...

Eliane Omena

segunda-feira, 7 de março de 2011

TRANSFORMAÇÃO


É engraçado, eu sempre colocava a minha felicidade nas mãos de terceiros. Quando a minha decisão de vida pertence somente a mim.
Mas aquela "menina" de ontem, submissa a uma realidade castradora da época em que minha mãe dirigia a vida de todos da casa, levou-me a pensar que o casamento era a porta de entrada para uma mudança, não foi.
Hoje, depois de algumas pedras no caminho ora pesadas, ora leves, tranformaram a minha forma de ver os outros e a mim mesma.
Então, percebi que só poderei ser feliz se sair de mim a alegria, a vontade de viver, trabalhar, cantar, seduzir... e essa mistura de amor mesmo na hora de levantar uma pedra seja ela pesada ou não, eu possa enxergar "eu" e não apontar para o outro e dizer que ele é o conflito da minha vida. Não, eu sou responsável por ter deixado o outro passar a sua dor, o lixo emocional dele para mim e daí virar um conflito...
Sorrindo, dou uma olhadinha para trás e percebo que tinham pedras muito leves, mas eu as tranformei e ficaram pesadas.
Mas, hoje o peso delas já não me assustam nem a quantidade, pois hoje sei conduzir com menos ímpeto a minha família, dedicando a mim uma qualidade de vida e diante disso passei para cada um sua própria responsabilidade, se eles vão saber se conduzir ou não já não é mais meu problema... Sempre digo: estou por aqui, se precisar conversar...
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