quinta-feira, 11 de junho de 2009

BEM TE VI



Acordo todas as manhãs com o canto do bem-te-vi.
Apesar de hoje estar chovendo, ele não deixou de vir.
O canto dos pássaros lembra o meu pai,
a varanda lá de casa tinha muitas gaiolas com passarinhos diversos,
Ferreiro, Cancão, Tucano, Sabiá que cantava lindo,
Galo de Campina e outros.
Seus cantos se misturavam e deixavam o lar feliz.
Meu pai imitava-os e sorria, sua alegria ao ouvir
aquela cantoria impedia-me de reclamar do barulho
que muitas vezes me acordava às cinco da manhã.
Cada um deles tinha um cuidado especial,
minha mãe saia para comprar a comida deles no mercado.
Ela era cúmplice daquela beleza.
Eu era jovem e não entendia do valor daquelas pequeninas aves
para aquele homem esbelto, de bigode bem cuidado,
um pouco vaidoso, e por isso valorizei pouco
daquele amor que acalmava e fazia sorrir aquele belo homem.
Ele já não existe mais entre nós e nem o cantar daqueles pássaros.
Por isso, o bem-ti-vi traz-me lembranças todas as manhãs,
através do seu canto alegre e estridente.

Eliane Omena

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